Depois de anos sendo obcecada com a minha pele, nas últimas semanas eu tive duas realizações importantes:
Na primeira foto, eu sentei para almoçar em um restaurante numa das cidades mais bonitas da Itália, e caiu a ficha: era a primeira vez em muito tempo que eu sentia confiança, que eu me sentia livre do pensamento “o que vão pensar sobre a minha pele“, que eu não sentia vergonha de estar ali em meio a desconhecidos que, dentro da minha cabeça estavam sempre me observando e julgando…
Na segunda foto, eu tinha acabado de sair da cabeleireira e juro, acho que foi a primeira vez na minha vida que uma mulher brasileira desconhecida não me questionou sobre a minha pele.
Eu sempre fui extrovertida, me joguei no mundo e em diversas situações que eu sei que não são fáceis pra qualquer um, e tenho certeza que quem me conhece não imaginava o terror que passava dentro da minha cabeça em cada uma dessas situações.
Essa ansiedade e desespero é um lugar terrível e o medo de interagir com outras pessoas por causa da acne pode nos privar de muita coisa legal.
Olha só: eu entendo quando algumas de vocês me dizem que falar sobre acne e autoestima é um beco sem saída. Mas a gente tem que lutar contra esse sentimento. A gente tem que mudar a chavinha no nosso cérebro que diz que a gente não pode fazer isso ou aquilo só porque estamos enfrentando uma doença.
Minha pele é livre, mas demorou um pouquinho para que minha mente também fosse.
Levou anos para que eu entendesse o que estava acontecendo no meu corpo e na minha pele.
Anos para conhecer todos os meus gatilhos, anos para encontrar uma rotina de cuidados que beneficia minha pele, anos para que eu aceitasse completamente que essa é minha jornada e que tudo que eu passei até agora ajudou a moldar o meu caráter e a crescer como ser humano.
Se minha pele vai continuar assim?
Eu não sei, talvez eu tenha recaídas, mas agora eu sei como me levantar e vou continuar utilizando todas as ferramentas que tenho para manter minha saúde.
Mas uma coisa eu posso te dizer com certeza: a gente chega lá! Nós somos muito mais fortes do que imaginamos e o mais importante, não estamos sozinhas nisso tudo.
Vamos juntas!
(Texto de 2021)