Junho é o mês de conscientização sobre Acne

Que a acne é uma doença crônica multifatorial que atinge grande parte da população mundial você já deve estar cansada de saber, né? Mas acredite: nós sabemos, mas quem tem acne, não. E poucas pessoas entendem o sofrimento que é ter essa doença de pele.

pele acneica
pele com acne

Academia Americana de Dermatologia definiu o mês de junho como para a conscientização sobre a acne e o objetivo é chamar atenção dos dermatologistas para o assunto e convidá-los também a estudar mais sobre a doença e trazer mais informações aos seus pacientes.

Eu acredito que nós podemos utilizar essa ideia também para conscientizar quem não sofre de acne: recentemente, conversando com uma mentorada, ela compartilhou que uma das situações mais difíceis era encarar familiares e escutar as dicas, remédios e comentários de pessoas que não entendem o processo dessa doença.

É claro que as pessoas querem ajudar mas infelizmente, isso acaba afetando muito nosso emocional – que já está fragilizado por conta da acne e da aparência da nossa pele.

Eu convidei a psicóloga Márcia Poli para nos ajudar a entender por que nos sentimos tão mal quando outras pessoas comentam sobre nossa pele, como podemos reagir de forma saudável a esses comentários e como podemos conscientizar outras pessoas sobre a acne de forma coerente.

Márcia Poli é psicóloga clínica especializada em abordagem humanista e gestáltica, dedicada ao crescimento pessoal e à cura emocional.
  • Por que o sentimos tristeza e, muitas vezes, até raiva quando escutamos conselhos, dicas e comentários sobre nossa pele com acne? E por que é importante entender esses sentimentos para poder processá-los?

A tristeza, da visão da psicologia, muitas vezes é um sentimento de descontentamento, desprazer, um tanto de aborrecimento e insatisfação, que pode vir acompanhado de uma desvalorização existencial de algo real que está sucedendo em nossas vidas.

Imagino me olhar no espelho todos os dias e me deparar com minha pele machucada, inflamada e não encontrar uma solução para isso. Como vou me aceitar vivendo em um mundo onde a mídia propaga a beleza inalcansável a todo instante? Como vou enfrentar as pessoas quando muitas delas irão me perguntar sobre isso? Muitas querem ajudar, mas infelizmente não podem.

Vou sentir raiva porque talvez o que seria, em primeira mão, a aceitação do problema e a serenidade para encontrar um tratamento, não fazem parte de meus pensamentos.

O não aceitar é o primeiro passo para sentir raiva. Mas aceitar não é tão fácil quando estamos mergulhados no problema, é doloroso. A busca por ajuda é o passo mais importante.

E necessitamos aprender para poder ajudar! Para quem está do lado de fora também é angustiante, pois não sabemos nada sobre acne. A impotência é um fato. Entender esses sentimentos é o primeiro passo para, com calma, seguir os passos para o controle e talvez a cura da acne.

As emoções e os sentimentos já são fatores comprovados de serem influenciadores para a piora de qualquer sintoma físico ou enfermidade. É necessário fortalecer a auto-estima, enfrentar com coragem o espelho e dizer para si mesmo que tudo é uma questão de tempo, paciência e delicadeza consigo próprio.

  • Qual a melhor forma de responder comentários indesejados sobre a nossa pele sem comprometer a relação que temos com a pessoa em questão, seja ela um familiar, uma amizade ou apenas um conhecido?

Tudo começa com a aceitação do problema. Quando entendemos e aceitamos o que estamos passando não sentimos raiva ou tristeza. Talvez o mais cômodo seria agradecer e dizer que já está tratando do assunto, não se estendendo mais sobre o tema. 

  • Como podemos abordar o tema da acne de forma assertiva com as pessoas que convivemos?

Primeiro, sabendo que muitas das pessoas que convivemos não entendem do assunto. Depois de conviver com uma pessoa com acne, e vivenciando também todas as angústias calada, se fosse hoje eu falaria para essa pessoa: “você poderia apenas me abraçar e me ajudar a encontrar a cura?”.

O mais importante é trabalhar o emocional, a mente, pois a força está dentro de nós mesmos, mas se sempre encontramos pessoas que apenas apontam para o problema, isso será um desperdício de vida. Em um núcleo, todos precisam querer avançar juntos.


As minhas dicas para conversar sobre acne com seus familiares (ou aqueles conhecidos e desconhecidos que gostam de opinar…):

  • não fique calada. Muitas vezes ficamos sem reação e não ter uma resposta é utilizado como indicativo à outra pessoa de que ela pode opinar, pois você aparentemente não sabe sobre o assunto ou não está se cuidando.
  • agradeça o comentário ou a dica, e em seguida explique o que você está fazendo para tratar sua acne e que não precisa de mais ajuda nesse momento.
  • indique canais e perfis nas redes sociais que falem sobre o assunto (pode ser o meu, hehe) para que a pessoa aprenda e possa ajudar de maneira mais informada.